Dois anos de guerras políticas e um grande descaso com a agenda liberal e reforma econômica

(O texto segue bem critico, porém, é uma análise desses dois anos da gestão do governo federal de como foi e está sendo administrado, e quais expectativas para este ano e para os próximos anos até o termino de seu mandato.)

 Nessa semana, o atual presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, foi indagado por jornalistas e sua contra resposta foi “Chefe, o Brasil está quebrado eu não consigo fazer nada”. Vindo do presidente de uma nação, um discurso nesse nível soa áspero, e pode afetar em rolagem da dívida e fuga de capital privado do país, causando uma grande instabilidade no mercado. Deixa a transparecer que o governo abandonou o barco e lançou bandeira branca, e salve-se quem puder, deixando a 6º maior economia mundial largada às traças, e assumindo o papel de incompetência.

 Esta gestão não consegue reagir aos problemas que claramente foram expostos antes mesmo de iniciar o seu mandato e só foram eleitos por dizeres com foco em solução, dois se passaram anos nada disso foi cumprido.

 Adam Smith e a Mão Invisível: a pobreza é um fator natural da origem humana, porém, o que leva a uma nação empobrecer é a má gestão do Estado, e os males políticos.

Sim, o Brasil está fora dos trilhos há muitos anos, e a gestão foi repassada com problemas, mas o que faltou foi interesse e competência em fechar esses gargalos. Dizer que o país está quebrado é uma falácia total e uma tremenda ignorância, o que deveria ser dito é que o rombo fiscal do país é gigantesco e mesmo com a alta carga tributária neste ano e nos próximos anos, teremos déficit nas contas públicas e um crescimento da dívida durante alguns anos. Para se ter uma noção de que a fala foi mal interpretada, o Ministério da Economia disse que o país acumulara dividas públicas num período de 13 anos e até 2026 andaremos no vermelho com as contas públicas. A previsão de melhora é só para o ano de 2027, teremos mais 6 anos amargos com as contas públicas, isso sem contar o cenário catastrófico que originou a pandemia.

Ampliação de isenção do imposto de renda?

Com um cenário catastrófico como esse, dificilmente conseguiríamos aprovar um projeto assim. O próprio Mansueto Almeida – Secretário do Tesouro nacional disse: “O país não pode abrir mão de R$1 de receita”. Em 2019, se o governo botasse pressão e dispusesse importância para o projeto talvez poderia ser aprovado ou discutido, mas o que rolou foram duas ou três falas e nada de levar o projeto para frente.  E em 2021, com o saldo das contas públicas no nível que esta, dificilmente será aprovado. Custará R$39 bilhões para as contas públicas, em um ano que o governo precisará controlar a compra até de um alfinete. Novamente, mais um choro e uma cortina de fumaça, tentando ofuscar a incompetência.

Os problemas que foram deixados de lados por Bolsonaro nesses dois anos

Indubitavelmente, um dos fatores que impulsionaram a eleição do presidente foi a agenda econômica liberal, privatizações, luta contra um estado arraigado com o bem estar social e desleixo dos políticos com as instituições brasileiras. E até o momento atual, tudo ficou em promessas. O governo se perdeu muito com desgastes ideológicos, resposta contrária a uma pandemia e guerras com a mídia, esquecendo do foco de corrigir os gargalos econômicos. Pedras foram aparecendo ao longo do percurso, os filhos com problema na justiça e o medo de sofrer um impeachment. A agenda liberal foi literalmente deixada de lado pelo governo federal, Paulo Guedes, o único sobrevivente de um naufrágio onde grandes nomes pularam da barca que foi furada e esquecida. O ministério da economia ficou sucateado e largado as traças não à toa que, Joaquim Levy (BNDES), Marcos Cintra (Receita Federal), Marcos Troyjo (Comercio Exterior), Rubens Novaes (Banco do Brasil) Caio Megale (Fazenda), Mansueto Almeida (Tesouro Nacional), Salim Mattar (Secretário especial de desestatização), Paulo Uebel (Secretario de desburocratização), abandonaram o governo. As afirmações eram sempre as mesmas: o governo não respondia com as reformas e não dava a mínima para as agendas. Os representantes da ala liberal disseram “A privatização não está andando, prefiro sair”. “A reforma administrativa não está andando, melhor sair”, o próprio ministro da economia confirmou essas alegações e a dificuldade de implementar essas reformas no Brasil.

Contas Publicas, privatizações, previdência, empregos, comercio internacional, nada disso foi feito e acabou tudo em pizza. Um presidente que se opôs a reforma administrativa e deixa engavetado a proposta de reforma administrativa mais de um ano e meio e diz que não consegue fazer nada por que o país está quebrado.

Por qual motivo dessa reação do Presidente da República?

Esse murmurinho foi gerado porque em 2021, o saldo das contas públicas está expondo falhas e é obvio que o governo terá que estourar a medida da PEC do teto de gastos, e está com um medo danado de um processo de impeachment. Esse ano, o governo terá que se virar com R$ 92 bilhões com os gastos públicos, um valor apertado mesmo com o crescimento de 3,2% da economia em 2021. Em um momento menos conturbado, Bolsonaro não correu atrás das reformas econômicas agora terá que administrar esse valor neste ano, acho muito difícil.

O país não tem conseguindo manter suas contas em dia com os órgãos internacionais, algo bem preocupante. Deve quase R$ 3 bilhões aos órgãos multilaterais, (Brics, Banco de Desenvolvimento do Caribe, Corporação Andina de Fomento, BID Invest), dentre outros. Além de não cumprir com aquilo que foi proposto durante sua candidatura corre um sério risco de o país ficar manchado no cenário internacional novamente como mau pagador.

Como será 2021?

Um ano com muita roupa suja para lavar, com o fim do auxilio, um propulsor que fomentava a economia da classe dos mais carentes e que chegou ao seu fim em dezembro. Teremos que sanar o alto nível de desemprego gerado pela pandemia da COVID-19, afinal são 14 milhões de desempregados. Uma grande parte da população que perdeu emprego em 2020, voltará a todo vapor em 2021 com o fim do benefício social. E com isso a taxa de desemprego tende a subir, segundo o Ibre- FGV, a taxa de desemprego nesse ano pode chegar em 15,6%.

Em 2020, a taxa do IPCA fechou em 4,39% e até o final de 2021, segundo a Focus, a taxa acumulativa ficará acima de 5%. Será complicado assegurar o poder de compra das pessoas nesse período, indivíduos desempregados e consumindo produtos com valor elevado.

Mesmo com Arthur Lira – PP, uma peça chave de Bolsonaro, para intermediação com acordos de negociação das reformas estruturais no Senado. É bem provável que passe apenas PEC emergencial e a PLP 19/2019, projeto de autonomia do banco central. Lembrando que o projeto do banco central não teve apoio algum do nosso presidente. As reformais mais consistentes dependem de uma organização do governo, junto ao planalto e ao presidente. Algo que será difícil de acontecer em 2021.

A realidade que deixa a transparecer é que daqui pra frente, haverá bastante trabalho e o governo terá que arregaçar as mangas e daí o tal do chororô. O presidente tem demonstrado que não tem capacidade alguma de governar este país, com mais medo de perder sua popularidade, pensando na corrida eleitoral de 2022, do que fazer um trabalho competente e eficaz aos problemas que estão impregnados neste país. O próprio Guedes afirma que, para uma resposta mais rápida da economia no período da pandemia, é necessária uma vacinação em massa em toda a população. E quem é contra a vacinação e toda medida de resposta a pandemia? Ele mesmo, nosso “Messias”, Bolsonaro. 

O mercado cada vez tem acreditado menos em uma resposta do governo e do Congresso, tem sido difícil acreditar que a gestão atual trata medidas para melhorar a produtividade e abrir leque para o crescimento econômico.

Serei um pouco ousado, mas usarei um termo dito a tempos atrás por Milton Friedman. “Se colocassem o governo para administrar o Deserto do Saara, em 5 anos estaria faltando areia”.

Fontes: G1 BBC INFOMONEY

#wadathanfelipe

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