Por que a economia importa?

Desde o ano passado, com a chegada da pandemia e das medidas restritivas, iniciaram-se alguns debates sobre a importância da economia. 

“Saúde primeiro, economia depois” , “ah você só liga para a economia e não liga para o resto” 

Debates desse tipo mostraram que a maioria das pessoas pensa que a economia é algo separado do seu cotidiano, que é algo à parte, algo que interfere pouco ou quase nada em suas vidas. Estes são levados a acreditar que a economia é assunto exclusivo de acadêmicos e políticos. 

Mas qual a real importância da economia? É tudo o que há de mais importante. Economia é vida.

De acordo com os pensadores da Escola Austríaca, que é a escola econômica que estrutura todo o nosso raciocínio e que julgamos ser a que melhor explica o mundo real, a ciência econômica é a ciência da ação humana, isto é, ela estuda as escolhas que os indivíduos fazem, considerando que os meios ou recursos de que dispõe nunca são suficientes para satisfazerem todos os fins. Isso é conhecido como escassez e a economia nos ensina a melhor forma para lidar com ela. 

Mises, o proeminente pensador austríaco, diz que toda ação humana representa uma escolha e, ao escolher, o homem opta não apenas entre bens materiais e serviços, mas entre todos os valores humanos. Assim, os teóricos começaram a entender a economia como uma máquina de produzir, distribuir e consumir a partir de uma “ciência da escolha”, isto é, até mesmo a escolha de seu trabalho e dos atos de compra e venda no mercado se conectam com as escolhas que o homem faz em relação aos valores que lhe são oferecidos para opção. 

É com base nesse conceito, o de ação humana, que a escola austríaca constrói todo o edifício da teoria econômica. A teoria do capital, da moeda e dos ciclos partindo do princípio do axioma que o ser humano age.

Assim, se extrai desse conceito primordial os primeiros conceitos importantes da Ciência Econômica, como os de valor, propósito, meios, fins, tempo, lucro, custo, prejuízo e etc. Isso porque toda ação é um comportamento proposital dado no tempo e no espaço, utilizando-se de meios para atingir fins, incorrendo em custos, visando a um lucro e podendo sofrer prejuízos.  

Essas afirmativas e proposições não precisam de experiência. São como a matemática e as ciências naturais. É como dizer que 1+1=2. Elas são válidas em todos os tempos e em todos os lugares.  

Portanto a Escola Austríaca, que faz parte desta fundamentação, toda sua teoria não faz juízo de valor, ela não diz que um controle de preço é bom ou ruim, não diz se imprimir dinheiro é coisa de bocó (apesar de ser). Ela apenas explica quais as consequências destas ações. 

Então, admitindo que todas nossas ações são atos econômicos, chegamos à conclusão de que a economia é algo indissociável do nosso ser. Faz parte do indivíduo e por isso chamamos esta metodologia de individualismo metodológico. 

Isto é, entende que a procura por satisfação das necessidades põe o homem em movimento. E é isso que move a sociedade e, consequentemente, a economia. E uma economia, quando bem desenvolvida, influencia diretamente no padrão de vida geral da população, eliminando a pobreza e fomentando a riqueza. 

Nas palavras de Mises: “Estamos melhor do que as gerações anteriores precisamente por que nos encontramos equipados com os bens de capital que estas acumularam para nós” 

Estes bens de capital foram acumulados principalmente a partir da revolução industrial, época em que a economia era precária e a pobreza praticamente absoluta. Após o “take off”, a decolagem da economia, no início do século 19, 200 anos atrás, saímos de uma expectativa de vida de 29 anos para 79. Quatro em cada 10 crianças morriam antes dos 5 anos. Atualmente, o índice de mortalidade em crianças de até cinco anos teve uma redução significativa. Nove em cada 10 pessoas viviam na extrema pobreza. Hoje apenas uma vive nesta situação. 

A diferença dos dados socioeconômicos de países onde se tem uma economia desenvolvida para países pouco desenvolvidos economicamente também é gritante. Então, aqueles que dizem que a economia pode ser deixada de lado não podem dar sua opinião nem sobre água. A economia é uma parte inseparável de nossa vida e é compreendendo seu funcionamento e respeitando seus alicerces que podemos prover para as gerações vindouras um melhor padrão de vida do que temos hoje.

#joaozuan

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