La Gestapo Argentina

O economista argentino Javier Milei denunciou recentemente a existência de uma lista negra -na qual constava seu nome- com a exposição de dados pessoais, tais como biografias e conexões, de pessoas e organizações contrárias ao establishment político argentino. O relatório -que estava no site reaccionconservadora.net e que já foi tirado do ar- destinava-se a descobrir e difundir informação sobre o “novo conservadorismo” argentino.

Os criadores do tal site tratavam de identificar os principais membros e a rede de vínculos das vozes dissonantes do atual governo argentino, qual uma thinkpol latina. O relatório está dividido em capítulos, incluindo um dedicado a expor as supostas conexões argentinas com o partido espanhol VOX, além de um mapeamento de contas do Twitter que expõe uma teia de relações entre os sujeitos ali expostos.

Os autores do relatório foram identificados como Ingrid Beck, Flor Alcaraz, Paula Hernández, Paula Rodríguez, Juan Elman e Soledad Vallejos. Todos esses jornalistas trabalham na mídia oficial, que é exclusivamente subsidiada pelo estado.

Um dos maiores inimigos do establishment político é a liberdade de expressão. Na Argentina, criou-se um órgão de controle denominado NODIO (Observatório de Informação Simbólica e Violência), que atua como polícia do pensamento para a mídia impressa e plataformas digitais.

O NODIO está vinculado a outro curioso órgão estatal: a Defensoria do Público, a qual tem como missão “promover, divulgar e defender o direito à comunicação democrática das audiências dos meios de comunicação audiovisual em todo o território nacional”. A existência da Defensoria do Público se assenta em uma “concepção” sobre Liberdade de Expressão que contempla as faculdades e obrigações de quem produz informação e dos receptores dessas informações”.

Voltando à lista negra: a diretora do projeto é Ingrid Beck, jornalista que trabalha para a Rádio Nacional Argentina, e que registrou no INPI argentino a marca “Ni Una Menos”, movimento feminista que começou na Argentina e se espalhou por vários países latino-americanos.

Segundo Beck, o trabalho que deu origem à lista negra foi financiado pela International Planned Parenthood Federation, que reúne 118 associações e opera em 129 países. Cada escritório regional distribui fundos para a região. O trabalho da IPPF é supervisionado por um conselho e milhões de voluntários trabalham com a Federação em todo o mundo. Outro dado interessante são os financiadores da International Planned Parenthood Federation, que conta com subsídios estatais e doações privadas de fundações, como a Open Society e a fundação de Bill e Melinda Gates.

A principal fonte de financiamento do IPPF são os subsídios que recebe do governo americano. No relatório dos anos de 2019-2020, consta que a IPPF recebeu US$ 618,1 milhões dos EUA, identificados sob a categoria “Reembolsos e Subsídios dos Serviços de Saúde do Governo”, principalmente porque a IPPF é afiliada ao programa Medicaid.

Ingrid Beck, a diretora do projeto, obteve financiamento da International Planned Parenthood Federation para seu projeto de Stasi argentina. Além disso, Beck é fundadora da Revista Barcelona, que em 2020 recebeu $397.800 do estado. Beck também é colunista na revista digital Letra P, que recebeu do estado, em 2020, $2.602.950. Beck trabalha também com outras duas rádios que, adivinhe, recebem dinheiro do estado. Beck vive do dinheiro dos pagadores de impostos, e, com esse mesmo dinheiro, financia sua Stasi particular.

É lamentável, porém não surpreendente, que a Argentina tenha chegado ao ponto de ter seu próprio Ministerium für Staatssicherheit em tempos ditos “democráticos”. O progressismo, ferrenho crítico dos governos autoritários que grassaram na região durante vários anos, não tem o menor constrangimento em adotar práticas similares à dos militares. 

Não obstante isso, se Milei está na lista negra, é porque está incomodando o establishment; e se está incomodando, é porque as ideias por ele defendidas encontram eco na sociedade –ou seja, ingressaram no campo da “batalha cultural”, até então dominada pelo progressismo.

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