Diferente da pobreza, a desigualdade social não é um problema. E não, não são a mesma coisa.

Ao tentar justificar o aumento do estado ou do roubo constitucionalizado chamado imposto, os socialistas, e estadistas em geral, costumam usar o argumento da desigualdade social. Já é praticamente unanimidade tratar a desigualdade como um problema, porém, esse pensamento uniforme está errado, tragicamente errado.

É necessário entender que, mesmo que geralmente sejam usados como sinônimos, pobreza e desigualdade são coisas inteiramente diferentes. No contexto econômico, a desigualdade é simplesmente quando diferentes indivíduos têm diferentes rendimentos, tal fato está longe de ser um problema, é natural que diferentes indivíduos tenham diferentes resultados, como Rothbard disse, o igualitarismo é uma revolta contra a natureza. 

Caso observemos o índice Gini, que mede a igualdade de riqueza, veremos que os primeiros lugares da lista estão recheados de países com liberdade econômica alta, como Eslovênia e Finlândia, por exemplo. Mas, como uma prova de que igualdade não é necessariamente algo bom, também vemos o Afeganistão, onde o PIB per capita é de cerca de 500 dólares (o PIB per capita brasileiro é 6700 dólares), é um país com pouca desigualdade, todos são igualmente pobres; já os EUA, possuem uma desigualdade alta, então fica a pergunta, será que americanos emigraram para o Afeganistão, já que é um país mais igualitário? Não! É o contrário que acontece, diversos afegãos emigram para os EUA e de  outros países com uma desigualdade maior. Então, podemos ver que, mesmo o Afeganistão sendo menos desigual que os EUA, a qualidade de vida dos afegãos é infinitamente menor que a qualidade de vida dos americanos.

Quando pensamos em desigualdade, já nos  vem à mente indivíduos milionários e outros extremamente pobres, sim, isso é uma situação desigual (que ocorre em países com grande intervenção estatal na economia como o Brasil), mas como já foi dito aqui, isso não é a definição de desigualdade, nesse caso, a pobreza é o problema, não a desigualdade, já que o fato de haver indivíduos ricos não está relacionado ao fato de haver indivíduos pobres e aqui se diagnostica outra falácia econômica dos socialistas: “O fato de haver pobres está correlacionado ao fato de haver indivíduos ricos”.  Não, simplesmente não está. Deve-se enfatizar que a economia não é um jogo de soma zero já que a quantidade de riqueza na sociedade não é fixa, é por meio do livre mercado e da iniciativa privada que os indivíduos podem se organizar para aumentar a oferta dos bens e serviços com o processo de produção,

Como Hayek disse, se os socialistas soubessem de economia, não seriam socialistas, então farei uma analogia para que tal raciocínio fique óbvio; quando um indivíduo produz uma camisa, a camisa de outrem não se desintegrará automaticamente, então, a não ser que exista um raio desintegrador dos meios de produção, é possível gerar riqueza sem demover a riqueza alheia, a única instituição na sociedade que não gera riqueza e apenas parasita é o estado.  

De fato, no que tange à economia, os empreendedores são os que mais ajudam os pobres, mesmo que indiretamente, ao dar-lhes emprego e a oportunidade de vender sua força de trabalho em troca de dinheiro. Já o estado, sela o destino das pessoas pobres e com pouca produtividade ao desemprego crônico, com o salário mínimo e outras leis trabalhistas. Claro, receber um salário abaixo do “mínimo” certamente não é uma boa situação, mas claramente é melhor que estar desempregado, ao remover tais barreiras, não existiriam mais indivíduos gravemente pobres, já que todos poderiam colocar sua força de trabalho no mercado em troca do valor que quisessem. 

Com tais leis, o estado gera indivíduos incapazes de vender sua força de trabalho, já que não produzem o suficiente para um salário mínimo, aumentando a pobreza, pode ser verificado de maneira empírica no Brasil e em outros países com leis trabalhistas e pouca liberdade econômica. 

Desta forma, chegamos ao verdadeiro problema, a pobreza. Ao contrário da desigualdade, a pobreza é um problema, ninguém morre simplesmente por alguém ganhar mais do que si mesmo, porém a pobreza pode sim matar. Ou, pior, não há nenhuma prova de que a desigualdade afeta o aumento da renda, como “provado” empiricamente (falarei sobre argumentos empíricos na economia em breve) anteriormente, é preferível viver em uma sociedade com rendas altas, porém desiguais, a uma sociedade de rendas baixas, porém igualitárias (EUA X Afeganistão). 

Com isso em mente, qualquer indivíduo que tenha como objetivo ajudar os mais pobres, deve se preocupar em aumentar a renda de cada um, não em tentar diminuir a desigualdade de renda entre todos. Não houve nenhum método melhor para beneficiar a vida dos indivíduos mais pobres do que o livre mercado e a propriedade privada dos meios de produção, vide o Gráfico de Pobreza Mundial entre 1820-2015. 

Sim, discutir economia de maneira empírica é um erro crasso, pois na economia a “evidência” empírica nunca é axiomática já que se refere a acontecimentos históricos de natureza complexa que não permitem a experimentação laboratorial, na qual se isolam os fenômenos relevantes e se mantêm constantes todos os demais aspectos para que se possa exercer alguma influência na análise, resumidamente, as leis econômicas são leis ceteris paribus, também porque não há grandes exemplos de países totalmente libertários, onde não há estado algum, porém o Índice de Liberdade Econômica nos mostra que quanto mais livre a população é, maior a sua renda, e menor a desigualdade.

 Gráfico de correlação entre PIB per capita e liberdade econômica, perceba que quanto mais à direita o país está (maior liberdade econômica) maior a renda da população (Fonte)

 Muitos dizem que os países que hoje possuem uma grande liberdade econômica se beneficiaram do imperialismo. Para alguns países, sim, isso é verdade, eles se beneficiaram. Mas há grandes exemplos de países extremamente pobres que melhoraram a vida de sua população simplesmente deixando-os mais livres, de fato, os países que estão nas primeiras colocações do Ranking de Liberdade Econômica, foram explorados pelo imperialismo, como: Singapura, Irlanda, Nova Zelândia, Taiwan, Chile, entre outros. Por outro lado, quanto mais interferência estatal na economia, maior a miséria da população, conforme o Índice Anual de Miséria, Cuba e Venezuela são os dois países mais miseráveis do mundo, e são justamente os países com menor liberdade econômica. (Coreia do Norte não faz parte do índice) 

Até mesmo a China, que os socialistas gostam de usar como exemplo de socialismo, tem mais liberdade econômica que o Brasil, portanto, como a China pode ser socialista e o Brasil capitalista? Claro, não é um sistema binário, não existem países socialistas e capitalistas, existem mais capitalistas e menos capitalistas. Pretendo fazer um artigo sobre a China em breve, voltando ao assunto, o país que mais se aproxima do capitalismo hoje em dia é Singapura, que sem sombra de dúvidas está bem melhor que o Brasil. Porém, o verdadeiro capitalismo apenas pode ser alcançado sem o estado.

Uma maneira de acabar de uma vez por todas com o pensamento de que a desigualdade é um problema, eis uma lógica que sempre uso, e recomendo que uses: Sempre que reclamarem sobre a desigualdade, pergunte se tal pessoa aceitaria que os ricos ficassem ainda mais ricos se isso significasse condições de vida melhores para os mais pobres. Se a resposta for não, então ela está admitindo que está incomodada apenas com o que os ricos têm e não com o que os pobres não têm. Contudo, se a resposta for sim, então a desigualdade é irrelevante (visto que a desigualdade aumentará, porém a pobreza diminuirá).

Concluímos que, mesmo que aceitássemos que a desigualdade seja um problema, o livre mercado e a propriedade privada dos meios de produção são a melhor arma contra a pobreza e desigualdade. Se quanto menos estado, maior foi a renda média da população, imaginemos então como será quando não tivermos estado, e vivendo no Ancapistão. Tal pensamento pode ser resumido na frase de Rothbard:


“A melhor maneira do governo ajudar os mais pobres (…) é saindo do seu caminho, removendo sua enorme e parasitante rede de impostos, subsídios, ineficiências e privilégios monopolísticos”

Leitura adicional:

Índice de Liberdade Econômica

Escrito por: Gabriel Paes.

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