Analisando o histórico de tirania perpetrado pelo governador João Dória e a passividade com que o povo paulista se submeteu aos seus delírios ditatoriais, podemos concluir que nos tempos atuais, mais do que nunca, precisamos resgatar os valores que em tempos antigos levaram à revolução constitucionalista de 1932.
Após o golpe de estado promovido por Getúlio Vargas e a imediata suspensão da constituição, uma série de decretos e intervenções humilhantes foram impostas aos estados brasileiros, a união centralizou o planejamento econômico e solapou a cultura dos diferentes povos que habitam a terra de Santa Cruz, chegando ao nível de proibir as bandeiras estaduais.
Os paulistas, que à época já despontavam como principal condutores do desenvolvimento econômico brasileiro, tendo como força motriz o plantio do café, logo se revoltaram e iniciaram uma série de protestos, dentre eles o fatídico 23 de maio que culminou na morte de 4 jovens heróis: Martins, Miragaia, Drausio e Camargo. As iniciais desses 4 manifestantes (MMDC) se tornaram o símbolo da luta pela liberdade e foram um dos estopins para a guerra que se iniciou em 9 de julho.
Apesar do escopo principal ser a proclamação de uma nova constituição, São Paulo tinha em suas trincheiras uma forte corrente separatista, sendo endossada por escritores famosos como Mário de Andrade e Monteiro Lobato. Não pretendo argumentar aqui a moralidade do objetivo constitucionalista/democrático da revolução, pois na época as grandes massas e até mesmo a elite cafeeira obviamente não tinham acesso aos filósofos austríacos/libertários, portanto viam os valores democráticos como alicerces para a conquista da liberdade (Liberdade, o verdadeiro objetivo da guerra contra a União).
Também não vou discorrer sobre a importância e a necessidade de se separar do Brasil, pois esse tema já é de comum acordo entre todos os libertários que nos acompanham (ou deveria ser). O grande debate aqui é a mudança cultural entre as gerações de 1930 e a atual.
Em contraste com a geração que empunhou armas e arriscou sua vida contra os governantes em favor da liberdade, a era do covid nos mostrou que temos uma geração de pessoas assustadas, que não pensam duas vezes antes de entregar suas liberdades individuais em troca de uma promessa (que nunca se cumpriu) de proteção.
Mesmo sem embasamento estatístico ou científico, os governos nos fizeram acreditar que a única solução para conter o vírus chinês era que tivéssemos nossos comércios fechados, nosso direito de ir-e-vir solapado e, consequentemente, nossas economias devastadas diante do desemprego gerado pelos lockdowns cidade afora.
Esses mesmos governantes que nos convenceram do auto-sacrifício jamais abriram mão de seus carros de luxo, auxílios, salários exorbitantes e vários milhões gastos em publicidade para que suas imagens continuassem imaculadas e exaurindo o ar de grandes protetores da sociedade.
Poucas vozes se levantaram diante da indignidade de tais decretos e o crescente número de óbitos mesmo em estado de sítio. Não percebemos que mesmo na fase vermelha (restrição de nível soviético), o número de óbitos continuava aumentando exponencialmente e tais medidas restritivas só funcionaram como campanha de marketing para autopromoção e suposta demonstração de preocupação e zelo por parte dos nossos inquisitores (quero dizer, governantes).
O diretório paulista do Partido Libertários luta dia e noite para que os valores outrora propagados pelos revolucionários de 32 jamais sejam esquecidos e que um dia retomemos nosso brio e voltemos a lutar pela Liberdade,” ao invés de entrega-la de mão beijada por uma falsa promessa proteção.
Henrique Siphone, Presidente do diretório estadual do Liber