Os emergentes sangraram: O maior retrocesso do século XXI que não contaram a você.

Com 25 anos, confesso, jamais vi um momento tão assustador. Que tamanha ousadia em fechar os comércios. Quem imaginaria: bares, restaurantes, fabricas, varejistas e comerciantes, com suas portas fechadas. Ver o setor de serviços e turismo capengando e lutando para manter-se vivo. Vivenciar o desespero do empresário com perda do capital e as famílias com suas rendas ceifadas.

Até a gigantesca Walt Disney, viu uma queda de 99 % em seu faturamento no primeiro semestre. A indústria brasileira e internacional jamais presenciou um tombo assim, uma queda de 80% de suas receitas. Em seguida o setor de serviço, com baixa de 15,4% no segundo trimestre.

Soa até engraçado o termo “O novo normal”. Vivenciar as barbaridades impostas pelo Estado: falta de liberdade, fome, punições e a condição desumana precária que impôs ao indivíduo. O desemprego batendo recorde, aumento da taxa de pessoas que se encontram na pobreza, níveis de produtividade descendo ladeira a baixo. Vestígios de um lockdown ou mal planejado ou desnecessário, fica a critério do leitor.

Adam Smith, em sua época, era crítico ao Estado e seu sistema mercantilista e autoritário. Parece que retrocedemos a tal período, o grande problema não está apenas em fechar os comércios. Como relatava Smith: ‘‘Na medida que se limita o câmbio (trocas), limita-se a divisão do trabalho e todos benefícios que alcançados através da divisão do trabalho”. Exemplo: produtividade, educação, bem-estar, qualidade de vida, enriquecimento, entre outros. O fechamento dos comércios não aumentara somente a fome e desigualdade como também, inibira ou retrocedera, todo processo evolutivo de grandes sociedades e indivíduos.

O cenário das economias emergentes durante a pandemia.

Os países emergentes representam 60% da economia mundial, os recursos repassados pelo FMI — Fundo Monetário Internacional tem sido menor comparado aos países mais ricos e terão que se movimentar sozinhos para rever esse cenário catastrófico, com recursos limitados e aumento do fiscal a patamares insustentáveis. O impacto da covid-19 nessas economias tem sido menor comparado aos países desenvolvidos, mas a longo prazo as consequências serão desastrosas. Os países mais pobres terão que fazer um esforço maior no pós covid-19 com impacto das empresas, desemprego e dívida pública.

No Brasil tivemos uma queda do PIB de 4,05%, a maior queda histórica de nossa economia. Falar de queda de maneira aritmética pode soar um pouco confortável, mas vou tentar mostrar tamanha a gravidade. O desemprego salta recorde pós recordes já são, 14,6% afetados, no geral são 14,1 milhões de pessoas sem emprego. Os gastos públicos em 2020, fecharam em quase 1 trilhão vendo um governo federal perdido sem saber o que fazer. O retorno das escolas por aqui foi mais lento que dos demais países. Ficamos 41 semanas sem aula. A média mundial foi de 15 a 18 semanas. Sem contar o total despreparo entre alunos e professores em adaptar a tecnologia e a escassez de eletrônicos aos alunos mais pobres.

A perda do aprendizado reflete em perdas de habilidades, isso reflete na produtividade. O impacto negativo no PIB pode ser de 1,5% em média até o final do século. Em regressões históricas de crescimento para estimular impacto de longo prazo de uma perda aproximada de 1/3 de ano de estudos para os estudantes.

O emergente mais crítico é a África, o país está a anos de atingir a imunidade total da covid-19. O FMI destacou para a região um crescimento mais lento, comparando o restante do mundo. Os africanos que sempre viveram em condições precárias e extrema pobreza sentiram um pouco de otimismo, esperança e crescimento, com o ciclo das comodities. A taxa da população carente em pobreza, caiu de 56% em 2003 para 40% em 2018. Na Etiópia, as crianças no ensino primário estavam quase todas matriculas antes da pandemia, contra 65% em 2003.

Desde 2016 o país vinha dando sinais de recessão, porém com a pandemia a situação ficou fora do controle, o PIB da África caiu 7,8% em 2020. As contas públicas não fechavam, em 2019, a dívida pública era de 62% do PIB, em 2020, aumentou para 70%. A pressão na região foi maior que nos países mais ricos. O país gastou apenas 3% do PIB na pandemia, uma das regiões com menor gastos, contra 7% dos demais países. E com isso não impediu 32 milhões de pessoas em extrema pobreza.

Retrato de uma pandemia e um lockdown generalizado. Enquanto o resto do mundo pode voltar ao “novo normal” em 2022, é provável que a África só retornará em 2024. O país é um dos últimos da fila de vacinação.

As escolas ficaram fechadas por 23 semanas, acima da média global. E ainda existe a falta de energia elétrica em grandes regiões do continente. Para o Banco Mundial o fechamento das escolas custará US $ 500 bilhões em receitas futuras, ou quase US $ 7.000 por criança. Além de muitas crianças jamais retornarem as aulas e se tornarem crianças trabalhadoras devido a condição financeira ou autossobrevivência.

A era da produtividade em perigo

Apesar de todos os esforços, se é que houve esforços genuínos. É inevitável as sequelas ao longo do tempo, o auxilio emergencial é apenas um analgésico imediato. A perda da capacidade produtiva, econômica e intelectual, será o câncer de uma década. Impossível jogar pra debaixo do tapete esses problemas. O Brasil não superou da crise de 2011 e agora um já no queixo, a covid-19. Teremos muito trabalho para retomar e evoluir a produtividade nos próximos anos.

“Pandemias passadas deixaram como legado várias cicatrizes: a mortalidade; a piora dos índices de saúde e educação, que deprime os ganhos futuros; o esgotamento da poupança e do patrimônio, que obriga ao fechamento de empresas — sobretudo as de pequeno porte, sem acesso ao crédito — e causa transtornos irrecuperáveis para a produção; e o superendividamento, que deprime a concessão de crédito ao setor privado.”

Banco Mundial afirmou que economias que já passaram por pandemias tiveram regressão de 9% de sua produtividade num período de três anos.

Qual expectativa para esse ano com a chegada da vacina?

A recuperação econômica mundial só ocorrera quando toda população estiver imunizada e a vacina pode ser um propulsor. Com a redução do número de mortes e infectados deixará o mercado mais otimista. Com isso, a previsão dos setores afetados como turismo e serviço tende a melhorar, facilitando viagens entre países ou abertura moderada de alguns estabelecimentos que se mantiveram fechados.

Mesmo com a chegada da vacina acredito que o governo manterá o auxílio emergencial, que só compensou em ínfima parte a perda da renda e do trabalho. O mercado tem sinalizado um retorno, porém, sem o auxílio, um retorno devagar. Com a vacinação em massa, lenta, ou tardia, o número de mortes sem projeção de quedas e o mercado com respostas a passos devagar. Os governos populistas responderam com a volta do auxílio para tentar safar-se de pressões do congresso.

Reverter os resíduos causados por essa pandemia é impossível, mas podemos acelerar o processo de retomada da economia. Claro, de maneira coerente e correta sem intervencionismo do governo ou canetada mágica. Ter um mercado favorável ao empreendedorismo, facilitar os transmites burocráticos, retirar tributos e impostos, é o melhor que se tem a fazer.

Reformas estruturais e micros são necessárias (lei do gás, independência do banco central, cabotagem ou marco legal de ferrovias), são reformas necessárias para enxugar o ajuste fiscal.

É importante que esse ano o governo negacionista. Preze pelas reformas administrativas, uma vez que não dá mais para brincar ou fingir. Aliás, o Brasil não é um país para brincadeiras ou amadorismos. É necessário largar as questões geopolíticas e focar nos projetos e reformas. O mercado de trabalho só apresentará uma resposta mais rápida com a aprovação dessas reformas, e lembrando que com um ritmo mais lento, menor que os níveis de 2014.

Com a incompetência do Estado e a maior pandemia de todos tempos, fica notório a percepção de inúmeros governos perdidos e suas medidas tem gerado mazelas sociais e econômicas. Atrapalhando todo processo evolutivo e intensivo de uma sociedade, sem dúvidas, em um futuro não muito longe iremos chamar as medidas tomadas por esses burocratas radicalistas de: A era perdida.

“Sempre achei que um dos mais graves problemas dos países subdesenvolvidos é sua incompetência na descoberta dos seus verdadeiros inimigos. Assim, por exemplo, os responsáveis pela nossa verdadeira pobreza não são o liberalismo nem o capitalismo, em que somos noviços destreinados, e sim a inflação, a falta de educação básica e um assistencialismo governamental incompetente, que faz com que os assistentes passem melhor do que os assistidos.” – Roberto Campos

Partes do texto foram retirados do The Economist com os títulos: A Recuperação da África do covid-19 será lenta / A pandemia pode minar o progresso precário da África

Fontes: Agencia Brasil — Economia Uol — Valor Econômico — Trading Economics — The Economist

#WadathanFelipe

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