A estratégia de subverter uma sociedade sem recorrer às armas convencionais tem raízes no pensamento que considera que a linguagem e o sujeito são capazes de refutar e renunciar à realidade. A chegada ao poder deveria ser obrigatoriamente antecedida por mudanças de mentalidade, os agentes dessas mudanças deveriam ser os intelectuais e a ferramenta essencial deveria ser a escola.
Referida tática indica que a tomada do poder não se dará de forma arrebatadora, como por meio de uma guerra, por exemplo, senão pelo controle mental dos indivíduos: conquistam-se as mentes para conquistar o poder. Aplicar uma política supõe que o vocabulário e a visão de mundo sobre as quais ela se apoia sejam impostos ao maior número de pessoas, isto é, é necessário criar o clima político adequado, conquistado por meio da lavagem cerebral de um maior número de pessoas.
Esta é, precisamente, a estratégia criada por Gramsci e utilizada atualmente pelos progressistas. A lavagem cerebral perpetrada por esses grupos se utiliza da estratégia de desprezo à razão e à realidade e do apego ao sentimentalismo. Não é coincidência que vejamos um crescimento cada vez maior de apoiadores de ideias tresloucadas, apoiadas em teorias sociológicas desconectadas dos demais âmbitos do saber. Um bom exemplo disso são aqueles que afirmam que a matemática é racista porque é uma construção social e que, por isso, poderíamos dizer que 2+2=5.
As consequências da negação da realidade ultrapassam as fronteiras de determinados grupos que aspiram à tomada do poder e encontram eco na mente daqueles mais confusos e que se comprazem em sinalizar virtude -talvez motivados pelo seu vazio existencial e baixa autoestima.
Despreza-se a ordem natural das coisas, despreza-se a diferença entre bem e mal, certo e errado, belo e feio. Existe uma realidade inegável e inexorável ao nosso redor, e a tentativa de escapar dessa realidade é um solo fértil para o surgimento de dissonâncias cognitivas em nível individual e do autoritarismo em nível social.
Quem afirma que pode criar uma nova realidade tem em suas mãos o poder de definir, a seu bel talante, as regras aplicáveis a essa nova e artificial realidade. Quando se perde o contato com a realidade, quando se distorce o significado das palavras, quando se nega aquilo que os olhos veem, fomenta-se o poder exacerbado e ilimitado dos donos desse mesmo poder: logo estaremos em 1984, exatamente como vaticinou George Orwell.
A proibição do uso de palavras consideradas ofensivas por um determinado grupo é um bom exemplo disso. A supressão da liberdade de expressão corrói uma das mais importantes bases sobre as quais se assenta a vida em sociedade, qual seja, a prerrogativa de se expressar em sociedade com base em suas convicções e sem medo de represálias. E é nesse contexto que paulatinamente se tolhem liberdades básicas do ser humano, tais como ir e vir, trabalhar, estudar e professar uma religião.
A obediência cega e que nada questiona aduba as raízes do autoritarismo. Por que motivo desejaríamos perder nossas liberdades em troca de uma simples sensação de segurança? Que anseio é este que perpassa a mente do homem contemporâneo?
Não é difícil deduzir o que fará um governante que detenha um poder absoluto. A história está cheia de exemplos deles. É necessário que a humanidade experimente um retrocesso completo para que possamos perceber que nossas liberdades são absolutamente inegociáveis?
Estamos assistindo o crescimento a passos largos do autoritarismo e, nesse contexto, somente a voz dos que amam e defendem a liberdade podem se apresentar como barreiras ao crescimento dessa doutrina autoritária nefasta.
É preciso que se compreenda que a liberdade não é uma concessão do governante: a liberdade é um valor de ordem integradora da essência que nos define como seres humanos.
#juliareis