Racismo contra o racismo

Uma das coisas mais constrangedoras e grotescas de 2020 foi uma exposição organizada pelo Museu Smithsonian, nos Estados Unidos. A organização, mantida pela Smithsonian Institution, fez uma lista para ajudar os visitantes do museu a entender melhor os brancos. Mas ao tentar classificar uma raça específica listando os “aspectos e suposições” de sua cultura, o museu terminou parecendo muito com um supremacista branco. A página do museu inclui um gráfico incrivelmente racista intitulado “Aspectos e pressupostos da ‘branquitude’ e da cultura branca nos Estados Unidos”.

Nos cartazes, é possível ver uma lista de características e condutas “típicas da cultura branca”, tais como Independência, autonomia, autoconfiança, pensamento racional e linear, apreço pelo trabalho e pela família, ser educado, pontual e fazer planos para o futuro.

A decorrência lógica é que se essas são características de uma suposta “cultura branca”, então os não-brancos seriam exatamente o oposto, isto é, dependentes, indelicados, preguiçosos, apáticos, irracionais e impontuais.

Poderiamos concluir que negros pontuais, orientais independentes e latinos confiantes são, na verdade, brancos?Um dado interessante é que a fonte do gráfico é um livro chamado “Some Aspects and Assumptions of White Culture in the United States”, de Judith H. Katz, filha de imigrantes alemães.

Se a exposição fosse organizada por um supremacista branco, será que o gráfico seria muito diferente? Será que a exposição seria aceitável caso, utilizando-se do mesmo gráfico, enaltecesse a “White culture”? Finalmente, porque os autointitulados “anti racistas” se parecem tanto com racistas? O gráfico foi retirado do site após a reação negativa do público. 

 #julia

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