Mais um exemplo do maléfico corporativismo

Todo mundo vem acompanhando a queda da Rede Globo em diversos âmbitos, inclusive no financeiro. Esse acontecimento vem dividindo opiniões sobre o assunto, pois “a poderosa Globo já não é mais a mesma, a Vênus platinada sucumbe cada vez mais e blá blá blá”.

O que muita gente não sabe é que a Globo passa por um baque, uma abstinência por falta de dinheiro público que era uma das suas maiores receitas. É isso mesmo, a Rede Globo, uma das maiores emissoras de TV do planeta, é, na verdade, uma empresa corporativista, ou mais uma, em terra brasilis. Está passando por maus bocados, justamente por ter conluio com o estado, desde sempre, pois a política do corporativismo no Brasil sempre foi forte e se intensificou a partir do JK. Um dos maiores perigos, ou talvez o maior do corporativismo, é justamente esse, a acomodação, por conta do monopólio, que acabou de ser transformado pelo fato de sempre ser a emissora que mais recebeu verba estatal, e conseguiu se manter desde então.

O problema é que, antigamente, a própria Globo conseguia fazer bons programas, novelas, jornalismo, etc. Tinha até uma qualidade considerável, de fato, apesar de a diferença financeira perante as outras não ser tão grande. Tudo isso mudou após o regime militar, mas por quê? Por causa da troca de apoio e conluio, o sistema virou a chave e a emissora acabou se beneficiando com a “nova república”, pois, a partir dali, ficou nítido que a diferença da Globo para as demais só iria crescer. Foi porque a Globo tinha mais qualidade que as outras? Sim, também, mas o fator primordial para essa mudança ocorrer foi a troca de conluio, ou seja, parou de apoiar o regime militar, e partiu para a “redemocratização” e assim todos iriam sair ganhando.

Mas, na verdade, todos saíram perdendo, primeiro o povo, que começou a ver que, na verdade, o sistema de TV brasileiro estava passando por forte monopólio global, a diferença da Globo para as outras era separada por um abismo, em qualquer âmbito, e quando uma das suas maiores fontes de receita passa a ser com dinheiro público, acaba se acomodando e perde totalmente o foco por inovação, pois sabe que se uma ideia não vingar, a verba que vem do estado cobre o prejuízo e o lucro permanece, porém o povo sai perdendo por falta de opções, porque a qualidade começou a cair e a chegar ao nível de derrocada de tão ruim que ficou; pode ser em novelas, séries, programas de variedades e até mesmo na transmissão esportiva, não conseguiram inovar mais e há quase 20 anos a grade de programação da Vênus platinada só entra em decadência.

Só que, um dia, a conta do corporativismo também chega, e essa conta chegou faz tempo em quintais “globais”, pois se você não se enquadra às regras do corporativismo, jogar com eles (estado, establishment) e não cumprir seu papel de forma correta, e claro, bancar todo jogo da corrupção e ajudar a manter o poder estatal, independente do lado, você, certamente, também estará fora do jogo.

E os cofres da Globo sangram cada vez mais, além da receita de verba pública estar menos, a própria receita privada caiu mais ainda, por queda no seu “próprio padrão de qualidade”.

Não é à toa, que vem perdendo muitos artistas, jornalistas (?) e até mesmo direitos de transmissão de competições esportivas, além de algumas novelas e séries que foram canceladas por falta de verba e também programas variados.

No final das contas, todos saem perdendo com o corporativismo, primeiro o povo e depois a própria empresa, principalmente se não cumprir as regras do jogo.

No Brasil vigora uma política chamada de “campeões nacionais”, que nada mais é do que o conluio do estado com empresas em troca de se manter no poder e a empresa escolhida terá sempre um enorme valor de subsídios para poder se manter no mercado e sempre acima das outras, traduzindo: corporativismo. E, sim, isso é muito ruim, porque além de dificultar para concorrentes menores, ainda impossibilita as demais de crescer e, praticamente, anula o livre mercado no Brasil, criando-se monopólios.

Só isso já mostra que o Brasil não é e nunca foi um país capitalista, de fato. O sistema patrimonialista, que existe desde a era de GV, vigora com força em terra brasilis, porém a diferença era que, antigamente, quem bancava e comandava o conluio era a elite agrícola. O Brasil ainda não estava na era industrial e as implementações de Vargas estavam em processo inicial, mas os conceitos eram praticamente os mesmos.

Mais uma vez, nós vemos o quanto o corporativismo é muito ruim para todo mundo e, agora, a Rede Globo é que está sentindo na pele esse impacto. 

#fredjonas

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