O governador da Flórida, Ron DeSantis, assinou uma lei proibindo os empregadores de exigir dos seus funcionários a obrigatoriedade das “injeções” contra o C-19. Neste momento, vejo muitos libertários dizendo “eu sou contra a intervenção estatal” e que não concordam com a medida imposta pelo governador da Flórida, sob a alegação de que não precisamos de mais intervenção estatal. Eu concordo com essa afirmação; entretanto, vamos fazer um exercício mental.
Vamos, por um breve momento, enxergar a situação por um ângulo diferente: vamos parar de brigar por zero intervenção estatal, pelo menos por ora, pois não existe a possibilidade de experimentarmos um pouco de liberdade a curto prazo. Intervenção é realmente uma coisa abominável, mas o que nos sobra atualmente é, literalmente, defender o menos pior e, hoje, eu iria preferir estar morando na Flórida do DeSantis, que proíbe proibições, do que em um lugar que obriga todo mundo a se vacinar. Não se trata mais de liberdade, pelo menos por enquanto, agora estamos negociando permissões.
Eu entendo que a questão envolve única e exclusivamente o direito de soberania individual, porém isso já não existe mais, desde o momento em que todos os comerciantes resolveram acatar o estado fechando as portas dos seus comércios no primeiro lockdown. Nós, os libertários, estamos falando, desde sempre, que não podemos permitir as loucuras impetradas pelo estado, mas ninguém quis saber, até 18 de março de 2020. E, justo agora, que todos nós estamos com todas as botas do estado em nossos pescoços, aparece um político com um lapso de bom senso, querendo tirar um pé do nosso pescoço. Pontualmente neste momento, precisamos, sim, entrar no jogo e barganhar, pois, por ora, o que nos sobra é tentar reverter um pouco da merda que o estado e os estatistas fizeram.
O estado é coerção em sua essência e ele funciona muito melhor quando governa pelo medo, pois as ações do estado se resumem em 10% de lei e 90% de ações que injetam o medo na população. Desta forma, com as pessoas apavoradas, o estado não precisa nem da polícia na rua, pois as ovelhas irão prontamente obedecer.
Também precisamos lembrar que, temporariamente, o direito de propriedade privada deixou de existir. Uma vez que os comerciantes fecharam seus estabelecimentos sem questionar a decisão estatal, isso também prova que os comércios não são dos pagadores de impostos, o verdadeiro proprietário do comércio, que você luta de sol a sol para manter funcionando e empregando o maior número de pessoas que puder, também não é seu, é do estado. Ele decide quando você abre e quando você fecha. Sempre foi assim, acontece desde sempre e, a partir de 18 de março de 2020 essa situação ficou evidente e escancarada. Isso sem contar com a obrigatoriedade em se vacinar, pois se você não pode nem decidir se quer ou não se vacinar, o corpo não é seu, mas do estado. Quem dirá o estabelecimento que você mantém funcionando, sob a condição de pagar impostos.
Exatamente por isso, também sou a favor do uso da força do estado contra todo estatista que acatou essa a tirania sem questionar se havia lógica ou não e que agiu orientado exclusivamente pelo medo de levar uma multa, pois a covardia não deve ser incentivada, principalmente pelos libertários. Se não vai pelo amor, vai pela dor e também é justo que esse pagador de impostos, que atualmente se satisfaz em ver o próximo ser oprimido, sinta na pele as consequências de ter apoiado a coerção do estado.
Quem está prestando atenção, mesmo desde antes do dia 18 de março de 2020, já havia percebido que existe uma satisfação do oprimido em ser opressor, em toda e qualquer oportunidade que se coloque o oprimido no papel de opressor, ele o fará sem pestanejar. Foi exatamente por isso que vimos a ascensão sem precedente de tiranetes apoiando todas as medidas descabidas do estado nos últimos tempos. Pessoas denunciando festas, denunciando comércios abertos, denunciando pessoas sem máscara na rua, comemorando a prisão de pessoas que tomavam sol em bancos de praças… Por isso digo que sou a favor de que todo estatista sinta o peso da mão estatal, é uma obrigação moral do libertário torcer para que o estatista sinta a punição daquele que ele tanto venera e alimenta.
Todo esse meu ponto de vista trata de pragmatismo? Sim, obviamente, sou uma pessoa pragmática, e ao mesmo tempo em que idealizo um mundo com zero coerção, não posso me dar ao luxo de ver o estado passando por cima das pessoas que não aceitam serem usadas em um experimento em pleno curso. A luta, agora, não é para sermos livres, é para continuarmos sobrevivendo para, quem sabe um dia, termos a chance de lutar pela liberdade novamente.
#lucianatoledo